Setor de TV paga prevê crescimento próximo de zero em 2015


O setor de TV paga prevê estagnação, ou um cenário próximo disso, em 2015. Segundo Oscar Simões, presidente-executivo da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), que reúne as maiores operadoras do segmento, as vendas estão crescendo, mas acabam contrabalançadas pelos desligamentos resultantes de um aumento da inadimplência. Mas o executivo diz que há novas adições, o que está equilibrando o mercado. O setor também percebe um 'churn', ou troca de operadoras, maior.

“Nossa expectativa de crescimento do setor neste ano é zero. Se houver algum crescimento, será muito pequeno”, afirmou hoje, 28, em evento à imprensa, em São Paulo. O executivo, no entanto, diz que o mercado de TV paga no Brasil não sofre com saturação. “Quando as condições da economia melhorarem, a gente deve retomar o crescimento”, frisou, depois de ressaltar que a inadimplência superou a média histórica para o segmento. Ele não citou, porém, índices que demonstrem o aumento dos devedores.

"Estacionar o número de assinantes em 20 milhões, como acreditamos que acontecerá este ano, é um dado até positivo. Dobramos a base de 2010 a 2014, e esse ano teremos uma parada nessa trajetória. Perdemos clientes por conta da crise, mas ainda há muito mercado para conquistar e estamos tendo novas adições", frisou Simões, em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 28/07, em São Paulo.

Nos últimos 15 anos, a TV paga no país passou de 3,5 milhões de assinantes para 19,72 milhões. O ritmo de crescimento começou a cair em 2011. Naquele ano, o setor ainda viu sua base aumentar 30%. Nos anos subsequentes, o crescimento foi de 27% (2012), 11% (2013), 9% (2014). No primeiro trimestre deste ano, o crescimento registrado em relação ao mesmo período do ano anterior foi de 6,7%. O segundo trimestre deve terminar com encolhimento. Em maio e abril houve retração da base em diversas empresas devido ao aumento de desligamentos.

A receita operacional bruta do setor de TV por assinatura no primeiro trimestre do ano foi de R$ 7,7 bilhões, um aumento de 8% em relação aos mesmos meses de 2014. Simões destaca que o segmento ultrapassou o rádio em penetração. O crescimento composto (CAGR) da TV paga foi de 13% nos últimos cinco anos. Atualmente, 50,2% das dizem ter acesso a TV por assinatura, enquanto 46,8% afirmam ouvir rádio. Já 93,6% consome TV aberta e 68,2% acessa a internet. Com isso, o tempo média de horas consumidas nos canais pagos saltou de 2h28min em 2013 para 3H07min em 2014.

O executivo não teme uma concorrência 'direta' com a TV digital terrestre, que melhora o sinal da TV aberta. "A TV digital é complementar à TV paga. Ela não vai nos tirar assinantes. Aliás, me sinto muito feliz de dizer que um mito está caindo: que a maior parte dos clientes quer a TV paga para melhorar o sinal. A pesquisa mostra que, por dia, um assinante está dedicando três horas aos canais pagos", pontuou o presidente da ABTA.

Simões também descartou qualquer impacto real dos OTTs na receita. "As operadoras estão reagindo e criando os seus modelos on-demand. É um mercado que está em ebulição. Muito se tem por fazer e crescer. Mas não houve perda de assinante por conta de OTT", garantiu ainda Simões. Mas as reclamações contra as OTTs seguem em pauta. O presidente da ABTA manteve o discurso de isonomia com esses novos players, que segundo ele, não têm obrigações regulatórias para cumprir, tampouco contribuem para a economia do país.

Piratas

Simões alertou para a competição com os piratas. Segundo ele, a quantidade de usuários que contratam serviços ilegais de conteúdo pago fica entre 4 milhões e 5 milhões. Número parecido com o levantamento apresentado em 2014, quando a entidade calculava a existência de 4,19 milhões de conexões clandestinas. Mais detalhes sobre o perfil dos usuários com acesso irregular serão divulgados na próxima semana, durante evento do setor que acontece na capital paulista.

Ele adianta, no entanto, cálculo sobre a sonegação em impostos resultante das ligações clandestinas. “O impacto tributário é de R$ 1 bilhão por ano. Esse seria o dinheiro que as empresas do setor pagariam se os clandestinos migrassem para os serviços legais”, resume.

Simões não vê, também, impacto dos serviços de streaming de vídeo, OTT, sobre a estagnação neste ano. “Até agora, o setor não sentiu o impacto dessa concorrência. Mas, no cenário internacional, as operadoras estão criando serviços próprios para competir com isso. As respostas estão vindo”, diz.

ABTA em números

A receita operacional bruta do setor de TV por assinatura no Brasil cresceu 8% no primeiro trimestre do ano, para R$ 7,7 bilhões, comparado a igual período de 2014. O montante inclui mensalidade dos clientes, adesão, banda larga e serviços sob demanda. No ano passado, fechou com R$ 32,2 bilhões, 27,9% maior que em 2013, incluindo publicidade. O volume de assinaturas alcançou 19,7 milhões no primeiro trimestre, alta de 6,7% frente a igual período do ano passado, e de 0,4% comparado ao quarto trimestre de 2014.

A tecnologia de transmissão por satélite, ou "direct to home" (DTH), segue como responsável pela maior fatia de mercado, 60,8%, seguida por cabo coaxial (38,6%) e fibra até a casa do cliente (FTTH, na sigla em inglês), com 0,6%, sem alterações significativas nas participações. A expansão de internet em banda larga também desacelerou em termos percentuais. A base de assinantes de serviços de banda larga via cabo chegou a 7,8 milhões no 1º trimestre, um crescimento de 2,8% sobre o trimestre anterior e de 13% em relação ao mesmo período do ano passado. O número de canais pagos em HD (alta definição) saltou de oito em 2010 para 73, em 2014.

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